À medida que o seu avião se vai aproximando do aeroporto de Faro, consegue ver as famosas salinas lá em baixo, uma saudação de boas-vindas tão boa para nós que chegamos a casa, como para os turistas que começam agora as suas férias ao sol. Mas a maioria de nós nem faz ideia do trabalho e da riqueza por detrás destas salinas; para nós as salinas são só o primeiro indício de que estamos quase a aterrar!
O valor do sal
Ao longo de milénios, o sal tem sido um bem muito valorizado, o que não é de admirar, pois sem ele a humanidade não existiria. O sal é um elemento essencial para a vida animal e para o bem-estar do Homem. Apesar de para nós atualmente ser “apenas sal”, antigamente era um artigo precioso para transações comerciais; tanto assim que chegou a ser moeda de troca e até se travaram guerras por causa dele. Eis alguns ditados ingleses relacionado com o sal:
“Below the salt” (à letra, para lá do sal) – quem tinha menor patente ou quem era considerado menos importante era sentado mais longe do sal,ficando o saleiro no centro da mesa.
“Worth one’s salt” (valer o seu sal) – ser digno do que se ganha; a palavra salário deriva da palavra sal pois era assim que os antigos Romanos eram pagos, uma parte em sal e o restante em moeda.
“Salt of the Earth” (o sal da terra) – uma expressão usada para uma pessoa excecionalmente importante ou muito estimada.
“Taken with a pinch of salt” (à letra, tomado com uma pitada de sal) – ou seja, ser aceite com algumas reservas, com algum grau de ceticismo.
Desde sempre que extrair o sal da água foi um processo longo e difícil, o mesmo se aplicando à extração do sal a partir do solo nas minas. Com a tecnologia de que dispomos atualmente, o sal está hoje muito mais acessível e mais em conta do que naquelas épocas distantes quando era muito mais difícil de encontrar, logo, muito mais valioso.
Mais do que apenas sal
Vejamos algumas das diferentes variedades de sal que há no mundo inteiro. Não fazia ideia que havia tantas cores e sabores para este mineral, achava que o sal era apenas um tempero branco muito corriqueiro.
Os vários tipos de sal
Flor de sal
Há dois mil anos, o melhor do melhor sal é produzido e recolhido no sotavento algarvio, a zona este do Algarve. A Fleur de Sel, como os franceses lhe chamam, é extraída da camada superior das famosas salinas do Algarve e dos igualmente famosos lagos salgados franceses. Chefs do mundo inteiro consideram a flor de sal o melhor sal de todos para concluir um prato. Dissolve-se lentamente, conferindo um sabor intenso e equilibrado, graças à sua forma cristalina.
Sal Cinzento do Atlântico
O elevado teor mineral do Sel Gris (sal cinzento) faz com que seja naturalmente pobre em sódio.
Sal Vermelho do Havai (Alaea)
Este é um sal de mesa tradicional do Havai, rico em minerais traços. Este sal é enriquecido com óxido de ferro proveniente do barro “Alae”.
Sal Defumado
Os sais marinhos defumados são usados para adicionar sabores naturais aos alimentos.
Sal de Maldon
O sal de Maldon derrete-se rapidamente e é um dos sais gourmet mais antigos do mundo. O seu nome vem da pequena vila inglesa onde é produzido.
Sal Rosa Peruano
A característica mais fascinante deste sal é a forma como é extraído: apesar de Maras ficar a mais de 3.000 metros acima do nível do mar, estamos a falar de um sal marinho! As suas origens mais remotas prendem-se com as lendas da antiga civilização Inca.
Inserir imagem de sal do Perú à direita
Sal do Bali
Situado no Oceano Índico, onde duas correntes de temperaturas diferentes se encontram, o Bali produz este delicado sal que se dissolve facilmente.
Sal Verde do Havai
O sal verde havaiano é um sal natural, colhido à mão, a que se junta o sumo extraído de folhas de bambu. Este sal tem um sabor forte e apimentado.
Sal do Rio Murray
A consistência deste sal faz lembrar os corn flakes e não um sal tradicional; também se dissolve com facilidade.
Sal-Gema (Halite)
O sal-gema provém dos EUA e no Canadá, existindo desde os Montes Apalaches até Ontário e debaixo da bacia do Michigan. Ohio, Kansas e Novo México são alguns dos estados norte-americanos igualmente ricos em depósitos de sal. No Paquistão há uma enorme mina de sal perto de Islamabade, e em Cheshire, em Inglaterra, produz-se meio milhão de toneladas de sal de seis em seis meses. Portugal também tem várias fontes deste sal, nomeadamente na região oeste, mas a sua exploração está ainda abaixo do potencial do país.
Sal Kala Namak
Este sal é de uma cor púrpura. Uma das características mais fascinantes deste sal é, sem dúvida, o seu cheiro e o seu sabor sulfuroso.
Sal Rosa dos Himalaias
Este é um sal puro, colhido à mão, nas reentrâncias montanhosas dos Himalaias. Os seus cristais são ricos em minerais e a cor deste condimento vai do branco a vários tons de rosa e vermelho.
Presentemente, é adicionada uma pequena quantidade de iodeto ao nosso sal de mesa por duas boas razões. Em primeiro lugar, porque impede o sal de se solidificar e transformar numa pedra e, em segundo lugar, porque previne deficiências intelectuais e de desenvolvimento originadas por falta de iodeto na nossa alimentação.
Conservar com o sal
O sal ou salmoura (água muito salgada) vêm sendo utilizados para conservar a comida há séculos, mesmo antes de haver registos escritos. O sal extrai todo o líquido dos alimentos, logo, mata as bactérias, que precisam de humidade para sobreviver. Os Judeus e os Muçulmanos utilizavam estes métodos para remover todos os vestígios de sangue da carne recém-abatida, tal como prescreviam as respetivas religiões.
Na Idade Medieval, as pessoas tinham de passar muito tempo sem carne fresca, portanto dependiam de carne seca ou conservada em salmoura. O sal era muito caro, por isso só a carne muito rica em gordura é que era conservada. Geralmente, carne mais rija e fibrosa, como a do carneiro, não era conservada, pois não “valia o seu sal”.
Alimentos como a manteiga e o queijo também eram conservados à base de sal, e a salmoura era usada para fazer conservas, sobretudo de vegetais. Os barcos que faziam longas viagens abasteciam-se bem de conservas e de alimentos em salmoura ou salgados, sem os quais as tripulações morreriam à fome.
No Algarve, os melhores e mais afamados exemplos deste tipo de conserva pelo sal são o bacalhau e o presunto, duas iguarias que são salgadas e secas. Os algarvios têm uma série de receitas de bacalhau e o presunto cortado fininho às fatias também é usado de muitas maneiras na gastronomia regional.
Sal e gelo
É um facto que, para descongelar algo muito rapidamente, devemos pôr-lhe sal. O sal desfaz o gelo num instante. Os países com climas frios costumam deitar sal nas suas estradas e passeios gelados para evitar acidentes. Não há nada mais irritante para uma criança do que descobrir que o seu escorrega “bué fixe” acabou de ser salgado e descongelado por adultos metediços. Muitas cidades utilizam uma mistura de areia e sal nas estradas propensas ao gelo para melhorar a tração do tráfego que nelas circula.
O sal e a destruição
Antigamente, um Rei costumava mandar deitar sal sobre a terra de alguém condenado por traição. D. José I de Portugal fez isso para destruir o palácio do Duque de Aveiro em 1759, por causa da participação deste numa conspiração contra a coroa. Um monumento em pedra eterniza agora a memória deste Duque caído em desgraça, perpetuando o seu infortúnio.
O sal e a superstição
Muita gente atira uma pitada de sal por cima do ombro esquerdo, pois é suposto isso manter os maus espíritos à distância. Usar um saquinho de sal ao pescoço protege-nos do Mau-olhado. Acredita-se que o sal dá sorte, por isso muitas pessoas oferecem sal como prenda de boas-vindas ou levam sal para casa no Ano Novo. Deve-se pôr uma pitada de sal no berço de um bebé até ele ser batizado. Supostamente, o sal é uma palavra que dá azar aos marinheiros e nunca deve ser proferida no mar. Curioso, não?
O sal e a limpeza
Sabia que o sal é um produto fantástico para limpar muitas coisas em casa? Uma mistura de sal e vinagre é excelente para limpar carpetes, remover aquelas marcas da água na sua banheira, pôr pratas e cromados a brilhar, limpar tachos e panelas, e para limpar o forno também. Adicione sal à sua máquina de café e deixe-a ferver, ficará mais limpa e mais eficiente do que nunca! O sal e o limão também são ótimos para as nódoas mais teimosas. Cubra uma mancha de sangue com uma gota de água e uma camada de sal e veja-a desaparecer.
.
Assim, da próxima vez que pedir a alguém para lhe “passar o sal” à mesa, lembre-se da sorte que tem em viver numa época em que o sal abunda e é acessível, e pense no trabalho que deu a produzi-lo. Mas, cuidado, não deixe cair sal na mesa... Dá azar!
Passe o sal
by Sun’s Dragon
À medida que o seu avião se vai aproximando do aeroporto de Faro, consegue ver as famosas salinas lá em baixo, uma saudação de boas-vindas tão boa para nós que chegamos a casa, como para os turistas que começam agora as suas férias ao sol. Mas a maioria de nós nem faz ideia do trabalho e da riqueza por detrás destas salinas; para nós as salinas são só o primeiro indício de que estamos quase a aterrar!
O valor do sal
Ao longo de milénios, o sal tem sido um bem muito valorizado, o que não é de admirar, pois sem ele a humanidade não existiria. O sal é um elemento essencial para a vida animal e para o bem-estar do Homem. Apesar de para nós atualmente ser “apenas sal”, antigamente era um artigo precioso para transações comerciais; tanto assim que chegou a ser moeda de troca e até se travaram guerras por causa dele. Eis alguns ditados ingleses relacionado com o sal:
“Below the salt” (à letra, para lá do sal) – quem tinha menor patente ou quem era considerado menos importante era sentado mais longe do sal, ficando o saleiro no centro da mesa.
“Worth one’s salt” (valer o seu sal) – ser digno do que se ganha; a palavra salário deriva da palavra sal pois era assim que os antigos Romanos eram pagos, uma parte em sal e o restante em moeda.
“Salt of the Earth” (o sal da terra) – uma expressão usada para uma pessoa excecionalmente importante ou muito estimada.
“Taken with a pinch of salt” (à letra, tomado com uma pitada de sal) – ou seja, ser aceite com algumas reservas, com algum grau de ceticismo.
Desde sempre que extrair o sal da água foi um processo longo e difícil, o mesmo se aplicando à extração do sal a partir do solo nas minas. Com a tecnologia de que dispomos atualmente, o sal está hoje muito mais acessível e mais em conta do que naquelas épocas distantes quando era muito mais difícil de encontrar, logo, muito mais valioso.
Mais do que apenas sal
Vejamos algumas das diferentes variedades de sal que há no mundo inteiro. Não fazia ideia que havia tantas cores e sabores para este mineral, achava que o sal era apenas um tempero branco muito corriqueiro.
Os vários tipos de sal
Flor de sal
Há dois mil anos, o melhor do melhor sal é produzido e recolhido no sotavento algarvio, a zona este do Algarve. A Fleur de Sel, como os franceses lhe chamam, é extraída da camada superior das famosas salinas do Algarve e dos igualmente famosos lagos salgados franceses. Chefs do mundo inteiro consideram a flor de sal o melhor sal de todos para concluir um prato. Dissolve-se lentamente, conferindo um sabor intenso e equilibrado, graças à sua forma cristalina.
Sal Cinzento do Atlântico
O elevado teor mineral do Sel Gris (sal cinzento) faz com que seja naturalmente pobre em sódio.
Sal Vermelho do Havai (Alaea)
Este é um sal de mesa tradicional do Havai, rico em minerais traços. Este sal é enriquecido com óxido de ferro proveniente do barro “Alae”.
Sal Defumado
Os sais marinhos defumados são usados para adicionar sabores naturais aos alimentos.
Sal de Maldon
O sal de Maldon derrete-se rapidamente e é um dos sais gourmet mais antigos do mundo. O seu nome vem da pequena vila inglesa onde é produzido.
Sal Rosa Peruano
A característica mais fascinante deste sal é a forma como é extraído: apesar de Maras ficar a mais de 3.000 metros acima do nível do mar, estamos a falar de um sal marinho! As suas origens mais remotas prendem-se com as lendas da antiga civilização Inca.
Inserir imagem de sal do Perú à direita
Sal do Bali
Situado no Oceano Índico, onde duas correntes de temperaturas diferentes se encontram, o Bali produz este delicado sal que se dissolve facilmente.
Sal Verde do Havai
O sal verde havaiano é um sal natural, colhido à mão, a que se junta o sumo extraído de folhas de bambu. Este sal tem um sabor forte e apimentado.
Sal do Rio Murray
A consistência deste sal faz lembrar os corn flakes e não um sal tradicional; também se dissolve com facilidade.
Sal-Gema (Halite)
O sal-gema provém dos EUA e no Canadá, existindo desde os Montes Apalaches até Ontário e debaixo da bacia do Michigan. Ohio, Kansas e Novo México são alguns dos estados norte-americanos igualmente ricos em depósitos de sal. No Paquistão há uma enorme mina de sal perto de Islamabade, e em Cheshire, em Inglaterra, produz-se meio milhão de toneladas de sal de seis em seis meses. Portugal também tem várias fontes deste sal, nomeadamente na região oeste, mas a sua exploração está ainda abaixo do potencial do país.
Sal Kala Namak
Este sal é de uma cor púrpura. Uma das características mais fascinantes deste sal é, sem dúvida, o seu cheiro e o seu sabor sulfuroso.
Sal Rosa dos Himalaias
Este é um sal puro, colhido à mão, nas reentrâncias montanhosas dos Himalaias. Os seus cristais são ricos em minerais e a cor deste condimento vai do branco a vários tons de rosa e vermelho.
Presentemente, é adicionada uma pequena quantidade de iodeto ao nosso sal de mesa por duas boas razões. Em primeiro lugar, porque impede o sal de se solidificar e transformar numa pedra e, em segundo lugar, porque previne deficiências intelectuais e de desenvolvimento originadas por falta de iodeto na nossa alimentação.
Conservar com o sal
O sal ou salmoura (água muito salgada) vêm sendo utilizados para conservar a comida há séculos, mesmo antes de haver registos escritos. O sal extrai todo o líquido dos alimentos, logo, mata as bactérias, que precisam de humidade para sobreviver. Os Judeus e os Muçulmanos utilizavam estes métodos para remover todos os vestígios de sangue da carne recém-abatida, tal como prescreviam as respetivas religiões.
Na Idade Medieval, as pessoas tinham de passar muito tempo sem carne fresca, portanto dependiam de carne seca ou conservada em salmoura. O sal era muito caro, por isso só a carne muito rica em gordura é que era conservada. Geralmente, carne mais rija e fibrosa, como a do carneiro, não era conservada, pois não “valia o seu sal”.
Alimentos como a manteiga e o queijo também eram conservados à base de sal, e a salmoura era usada para fazer conservas, sobretudo de vegetais. Os barcos que faziam longas viagens abasteciam-se bem de conservas e de alimentos em salmoura ou salgados, sem os quais as tripulações morreriam à fome.
No Algarve, os melhores e mais afamados exemplos deste tipo de conserva pelo sal são o bacalhau e o presunto, duas iguarias que são salgadas e secas. Os algarvios têm uma série de receitas de bacalhau e o presunto cortado fininho às fatias também é usado de muitas maneiras na gastronomia regional.
Sal e gelo
É um facto que, para descongelar algo muito rapidamente, devemos pôr-lhe sal. O sal desfaz o gelo num instante. Os países com climas frios costumam deitar sal nas suas estradas e passeios gelados para evitar acidentes. Não há nada mais irritante para uma criança do que descobrir que o seu escorrega “bué fixe” acabou de ser salgado e descongelado por adultos metediços. Muitas cidades utilizam uma mistura de areia e sal nas estradas propensas ao gelo para melhorar a tração do tráfego que nelas circula.
O sal e a destruição
Antigamente, um Rei costumava mandar deitar sal sobre a terra de alguém condenado por traição. D. José I de Portugal fez isso para destruir o palácio do Duque de Aveiro em 1759, por causa da participação deste numa conspiração contra a coroa. Um monumento em pedra eterniza agora a memória deste Duque caído em desgraça, perpetuando o seu infortúnio.
O sal e a superstição
Muita gente atira uma pitada de sal por cima do ombro esquerdo, pois é suposto isso manter os maus espíritos à distância. Usar um saquinho de sal ao pescoço protege-nos do Mau-olhado. Acredita-se que o sal dá sorte, por isso muitas pessoas oferecem sal como prenda de boas-vindas ou levam sal para casa no Ano Novo. Deve-se pôr uma pitada de sal no berço de um bebé até ele ser batizado. Supostamente, o sal é uma palavra que dá azar aos marinheiros e nunca deve ser proferida no mar. Curioso, não?
O sal e a limpeza
Sabia que o sal é um produto fantástico para limpar muitas coisas em casa? Uma mistura de sal e vinagre é excelente para limpar carpetes, remover aquelas marcas da água na sua banheira, pôr pratas e cromados a brilhar, limpar tachos e panelas, e para limpar o forno também. Adicione sal à sua máquina de café e deixe-a ferver, ficará mais limpa e mais eficiente do que nunca! O sal e o limão também são ótimos para as nódoas mais teimosas. Cubra uma mancha de sangue com uma gota de água e uma camada de sal e veja-a desaparecer.
.
Assim, da próxima vez que pedir a alguém para lhe “passar o sal” à mesa, lembre-se da sorte que tem em viver numa época em que o sal abunda e é acessível, e pense no trabalho que deu a produzi-lo. Mas, cuidado, não deixe cair sal na mesa... Dá azar!
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